quinta-feira, maio 01, 2008

O Viúvo da Ponte

Certo feriado de sexta-feira frio e seco. Um carrinho de pipoca fechado, 17h55min, um pedaço de papel voando sob uma ponte e caindo, em seguida, no mar. A mulher parada sentindo o vento gelado cortar sua pele; o homem chegando no momento que o relógio da igreja batia e os pássaros levantavam vôo assustados.


- Você... - surpreendeu-se ele.

- Hum?

- Eu te amo.

- Tu... o quê?

- Te amo.

- Mas você não me conhece.

- Não posso te amar, então?

- C-como...

- Viu, você me ama também.

- Como sabes?

- Se não me amasse, você não teria parado pra pensar.

- Faz sentido.

- Então, vamos?

- Pra onde?

- Casar.

- Casar?

- Casar.

- Onde?

- Pode ser naquela igreja, se assim preferir, mas não tenho religião.

- Também não tenho.

- Que bom, assim combinamos mais.

- Verdade. Então, teremos filhos? Sempre quis ser mãe, mas nunca tinha amado ninguém antes...

- Não.

- Não?! Por que?

- Porque não amo você.

- Mas você disse até agora, você me convenceu a mudar de idéia!

- É, sim, fiz isso.

- Por que você fez isso!?

- Porque gosto que todos me amem.

- Vamos pelo menos conversar!

- Adeus.


Dessa forma, ele partiu e só se pôde ouvir o desespero do pranto da mulher.

Um comentário:

Unknown disse...

Eu deveria ter escrito isso.

Assinado: Isa, fã do Tuba.